o avesso da noite em todos os lugares do teu silêncio , é o que avisto .
podíamos ter uma desculpa ,podíamos até fazer uma mentira e sei que a encenaríamos perfeitamente ,sem saber onde nos nossos rostos ela teria lugar .
podíamos ter habitado esta noite , como todas as outras.não como todas , mas como as primeiras noites ,em que o céu era demasido perto do teu peito e eu não temia essa proximidade.
depois ,não sei porque estranha configuração do tempo ou das palavras ,tudo parecia longe ,muito distante ,como a memória do dia mais feliz da infância .
chamávamo -nos e´mesmo sem saber a razão ainda fazíamos os mesmos caminhos pela cidade ,ainda era nos mesmos lençóis que a manhã se adiava .
mas não havia mais como engolir a espera dos dias .
quando partimos não rasgámos todas as palavras , havia ainda muitas e tantas mentiras que te poderia ter contado . histórias que calaste plenas de personagens que poderiam ser eu .
gastámos a possibilidade de sermos a mútua invenção do desejo .quanto mais nos afastávamos do que éramos ,menos importância tinha a mentira .éramos já a nossa criação .
não sei quem amei mais -se a ti , se ao ser que para mim criaste.
mas esta pergunta não tem absolutamente qualquer pertinência .não agora .
está um grande silêncio a bater no meu peito .não sei quem de mim te recorda .tornámo-nos personagens e não tenho a tua deixa .
bebo devagar enquanto se adensam as sombras .gosto da pureza da noite que me deixa entregue aos cheiros e à imprecisa dembulação do espírito .no final era isso que importava ,não era? era isso o que repetíamos? o labirinto ?
foi o que fizemos .descemos e descemos e descemos até essa matéria obscura e inasaciável .fomos o que queríamos ser , tudo que não podíamos ser e ninguém poderá levantar a sua voz dizendo que isso foi a nossa usura .
tu permaneces .eu permaneço também .e afinal , que importará isso ? se queríamos ter ido até ao fim , não fomos , mas isso ninguém sabe.pressentem apenas o desafio que empreendemos e nada mais .
não saberão que não vencemos ,que não triunfámos e que nem sequer nos resta a consolação de termos ido .não .
mas que importa ? só tu e eu sabemos que fomos imperfeitos e esse é o preço que pagamos à nossa mentira .
o que sobra de tudo é pó e as palavras que desprego da memória , de quando não havia medo de ser a invenção de mim ou de ti .
podíamos ter uma desculpa ,podíamos até fazer uma mentira e sei que a encenaríamos perfeitamente ,sem saber onde nos nossos rostos ela teria lugar .
podíamos ter habitado esta noite , como todas as outras.não como todas , mas como as primeiras noites ,em que o céu era demasido perto do teu peito e eu não temia essa proximidade.
depois ,não sei porque estranha configuração do tempo ou das palavras ,tudo parecia longe ,muito distante ,como a memória do dia mais feliz da infância .
chamávamo -nos e´mesmo sem saber a razão ainda fazíamos os mesmos caminhos pela cidade ,ainda era nos mesmos lençóis que a manhã se adiava .
mas não havia mais como engolir a espera dos dias .
quando partimos não rasgámos todas as palavras , havia ainda muitas e tantas mentiras que te poderia ter contado . histórias que calaste plenas de personagens que poderiam ser eu .
gastámos a possibilidade de sermos a mútua invenção do desejo .quanto mais nos afastávamos do que éramos ,menos importância tinha a mentira .éramos já a nossa criação .
não sei quem amei mais -se a ti , se ao ser que para mim criaste.
mas esta pergunta não tem absolutamente qualquer pertinência .não agora .
está um grande silêncio a bater no meu peito .não sei quem de mim te recorda .tornámo-nos personagens e não tenho a tua deixa .
bebo devagar enquanto se adensam as sombras .gosto da pureza da noite que me deixa entregue aos cheiros e à imprecisa dembulação do espírito .no final era isso que importava ,não era? era isso o que repetíamos? o labirinto ?
foi o que fizemos .descemos e descemos e descemos até essa matéria obscura e inasaciável .fomos o que queríamos ser , tudo que não podíamos ser e ninguém poderá levantar a sua voz dizendo que isso foi a nossa usura .
tu permaneces .eu permaneço também .e afinal , que importará isso ? se queríamos ter ido até ao fim , não fomos , mas isso ninguém sabe.pressentem apenas o desafio que empreendemos e nada mais .
não saberão que não vencemos ,que não triunfámos e que nem sequer nos resta a consolação de termos ido .não .
mas que importa ? só tu e eu sabemos que fomos imperfeitos e esse é o preço que pagamos à nossa mentira .
o que sobra de tudo é pó e as palavras que desprego da memória , de quando não havia medo de ser a invenção de mim ou de ti .
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