baptismo
«Lóri está sozinha.O mar salgado não é sozinho porque é salgado e grande , e por isso é uma realização da Natureza.A coragem de Lóri é a de , não se conhecendo , no entanto prosseguir , e agir sem se conhecer exige coragem.
Vai entrando.A ´´agua salgadíssima é de um frio que lhe arrepia e agride em ritaul as pernas.
Mas uma alegria fatal _ a alegria é uma fatalidade_já a tomou , embora nem lhe ocorra sorrir.Pelo contrário , está muito séria.O cheiro é de uma maresia tonteante que a desperta do mais adormecido sono secular .
E agora está alerta,mesmo sem pensar , como um pescador está alerta sem pensar .A mulher é agora uma compacta e uma leve e aguda_ e abre caminho na gelidez que , líquida,se opõe a ela e , no entanto a deixa entrar ,como no amor em que a opsição pode ser um pedido secreto.
O caminho lento aumenta a sua coragem secreta _e de repente ela se deixa cobrir pela primeira ond!O sal , o iodo , tudo líquido deixam-na por uns instantes cega,toda escorrendo _ espantada de pé , fertilizada.
Agora que o corpo está molhado e dos cabelos escorre água , agora o frio se transforma em frígido .Avançando , ela abre as águas pelo meio .Já não precisa de coragem , agora já é antiga no ritual retomado que abandonara há milénios.Abaixa a cabeça dentro do brilho do mar , e retira uma cabeleira que sai escorrendo toda sobre os olhos salgados que ardem.Brinca com a mão na água , pausada , os cabelos ao sol quase imediatamente já estão se endurecendo de sal .Com a concha das mãos e com a altivez dos que nunca darão explicações nem a eles mesmos:com a concha das mãos cheias de água,bebe-a em goles grandes ,bons para a saúde de um corpo.
E era isso o que estava lhe faltando: o mar por dentro como o líquido espesso de um homem.»
Clarice Lispector , Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres,pag.68
«Lóri está sozinha.O mar salgado não é sozinho porque é salgado e grande , e por isso é uma realização da Natureza.A coragem de Lóri é a de , não se conhecendo , no entanto prosseguir , e agir sem se conhecer exige coragem.
Vai entrando.A ´´agua salgadíssima é de um frio que lhe arrepia e agride em ritaul as pernas.
Mas uma alegria fatal _ a alegria é uma fatalidade_já a tomou , embora nem lhe ocorra sorrir.Pelo contrário , está muito séria.O cheiro é de uma maresia tonteante que a desperta do mais adormecido sono secular .
E agora está alerta,mesmo sem pensar , como um pescador está alerta sem pensar .A mulher é agora uma compacta e uma leve e aguda_ e abre caminho na gelidez que , líquida,se opõe a ela e , no entanto a deixa entrar ,como no amor em que a opsição pode ser um pedido secreto.
O caminho lento aumenta a sua coragem secreta _e de repente ela se deixa cobrir pela primeira ond!O sal , o iodo , tudo líquido deixam-na por uns instantes cega,toda escorrendo _ espantada de pé , fertilizada.
Agora que o corpo está molhado e dos cabelos escorre água , agora o frio se transforma em frígido .Avançando , ela abre as águas pelo meio .Já não precisa de coragem , agora já é antiga no ritual retomado que abandonara há milénios.Abaixa a cabeça dentro do brilho do mar , e retira uma cabeleira que sai escorrendo toda sobre os olhos salgados que ardem.Brinca com a mão na água , pausada , os cabelos ao sol quase imediatamente já estão se endurecendo de sal .Com a concha das mãos e com a altivez dos que nunca darão explicações nem a eles mesmos:com a concha das mãos cheias de água,bebe-a em goles grandes ,bons para a saúde de um corpo.
E era isso o que estava lhe faltando: o mar por dentro como o líquido espesso de um homem.»
Clarice Lispector , Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres,pag.68
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home