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3/14/2004

espinho



na noite
o peito é uma janela vazia e sem paisagem .
respiras numa cidade de mar
onde havia amantes e rostos
onde reflectir a dor .
e os olhos ,de tanto se fecharem ,
não vêem o vento atravessando os olhos
nem a morte .

depois de um
outro verão
breve passagem da alegria
onde os teus braços eram pobres
e desolados
como a louca que repartia o seu pão com os pássaros ,
imprópria que se tornara ao convívio humano .

do teu caminho avista-se a pedra roída da solidão
e não há nisso qualquer desafio
menos que circunstância , menos que acaso

és os passos morrendo no peito cansado
as palavras , ou as mentiras ,
que na boca se fazem errância.

e não há incerta terra para deitar os olhos
onde fossem tão perfeitamente colhidos
que deles nascesse a flor
em que o teu nome repousasse .