<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d5890420\x26blogName\x3dtorneiras+de+freud\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://torneirasdefreud.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://torneirasdefreud.blogspot.com/\x26vt\x3d7779548731287678461', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

5/02/2004

as aventuras de jojó , ex -mordomo e poeta rocher , agora detective gabardinesco e poeta entediado de ocasião


( capítulo dedicado a marisol)


um nevoeiro estranho atravessara a cidade aquela noite , tornando os rostos semi -indefinidos.as luzes dos carros e dos prédios transformaram-se numa espécie de faróis urbanos.
mas nem por isso aquela zona da cidade se despovoara , a zona mais suja e decadente .mulheres encostadas às paredes, apenas corpos e palavras .alguns mendigos arrastando-se e uns quantos homens passeando o olhar , esperando , decidindo .
jojó surge , chapéu na cabeça , gabardine cinzenta , golas levantadas.atitude displicente,blasé,cigarro no canto dos lábios.
ele atravessa as ruas como pretexto para o seu alheamento .na sua memória a lembrança de lola, a misteriosa , sensual e inefável lola.
a mulher aparecera essa tarde no seu escritório , uma voz mais choroso do que seria na verdade , os olhos sempre cúbicos , o traçar lento das pernas, toda a encenção de uma fingida fragilidade feminina.
jojó pousou úm grosso volume de merleau-ponty na mesa e relampejou na mulher o seu olhar .um diálogo breve , um caso típico.a actualemente honeste e esposa lola estava a ser vítima da clássica chantagem de uma conhecida , conhecedora de um indesejável passado .um caso para duas semanas , pensou jojó .preço acertado , detalhes combinados e lola desparece , deixando para trás um rasto de perfume excessivamente doce e de bolero .
vogando agora pelas ruas sujas , jojó pensa em lola e medita sobra a fragilidade humana.ao longe avista sam , o saxofonista de rua.
_então sam , como correu o teu dia?
_o mundo , jojó , o mundo arruina-nos aos poucos , é como o trânsito jojó .não aguento mais , náo dá .
_sam...sei que já te deixaste disso há uns anos, mas pá , não queres ler um cioran ou , sei lá , um levinas , era capaz de te ajudar ...esta tarde usei um merleau-ponty dos bons ...
_jojó , isso vai ser a tua perdição .eu estou limpo há 8 meses e sete dias e assim vou continuar .
_ok, tu é que sabes.
_ e tu , vê lá se não arranjas compilacações com essas , com essas ilegalidades.
_nah , tudo sobre controlo .

entretanto ouve-se um grito rompendo a noite e o nevoeiro .jojó acorre prontamente.estendida no esfalto e já ropdeada por uma pequena multidão está uma bela mulher desfalecida ,cabelos negros e roupas mínimas desfalecida , garganta aberta .ouvem-se as primeiras sirenes.

jojó tira notas e observa a cena de longe.
já em casa confere as notas e resolve-se por uma investigação a conta própria na manhã seguinte.antes porém de adormecer enche um copo de jack daniells e apronta o papel na sua remington de 1938.esta noite jojó mergulhará uma vez mais no seu oscuro domínio .a poesia .encherá páginas de versos extensos ,cheios de tédio e caos urbano , vagabundos , mulheres fatais ,náuseas de poluição , mas tudo regado com sua erudição filosófica e desencanto existencial .
há muitos anos atrás jojó escreveria odes aos homens do shopping , mas jojó abriu novos horizontes e aí o temos noite afora , burilando versos na sua remingtin 1938.