nos últimos meses, jojó havia sentido que o seu retiro estava a chegar ao fim, que era o momento propício ao seu regresso.
no entanto, mera personagem dos meus domínios, jojó acalentava um sonho que não tinha a mesma exacta correspondência nos meus intuitos autorais.
foram horas suplicantes as que jojó me devotou, promessas de favores menos explícitos, divagações pós-estruturalistas e, por fim, num acme de neurastenia peninsular, a emotiva jura de carregar para todo o ficcional sempre a prestimosa gramática de lindley cintra e celso cunha.
- jojó- disse-lhe eu , disfarçando uma rouquidão solícita e quase embargada- prometer -me-ás não mais aturdir nossa lusitana língua com teus impropérios gramaticais, não corrompendo a veneranda e lusa língua e ofendendo seus mais preclaros avoengos?
- não, não mais que a voz tenho destemperada!- retorquiu jojó, o imberbe homicida das letras.
-prometes-me aturado e honesto estudo das santas leis sintácticas e ortográficas, socorrendo-te do ilustrado patronato espiritual de lindley cintra?
- um novo reino sublimarei, por mares nunca dantes navegados, mais do que promete minha humana ignorância!
- só para findar o nosso solilóquio ... quando vais perder essa mania de arredondar todas as frases para que se assemelhem ao imortal camões?