12/28/2004
12/25/2004
prezada mentira
há quem diga que a linguagem, o pensamento lógico-dedutivo e as luvas de borracha para lavar a louça são as características mais distintivas do homem.
mentira.
na verdade, a mentira é que nos faz distintos de toda a restante criação, admitindo-se, no entanto , alguma responsabilidade também às luvas de borracha.
o que mais gosto na vida é de mentiras, engodos , ilusões, confabulações. haveria arte, amor, relaçõs sociais ou auto -estima sem recorrer ao artificioso pressuposto da mentira? não creio.
há igualmente todo um darwinismo social que pode ser lido à luz da mentira e da sua força ilocutória.
a linguagem existe para ser desmentida, pois é isso que subjaz à arbitriedade do signo. no entanto, a estabilidade sígnica existe para que possa interpor-se o curso da mentira , que para os estruturalistas nada mais seria se não a infinitização optimizada de todas as possibilidades referenciais dos signos.
aprendemos a mentir desde cedo e,logo aí, se inicia o processo de recalcamento da mesma.
contudo , fazem-nos acreditar no pai natal, no coelhinho da páscoa e ameaçam-nos com homens- do -saco e outras monstruosidades quejandas com o único fito de deglutirmos algumas calorias mais ou permanecermos quietos e serenos numa qualquer manifestação de mentira pública.
o processo psíquico tem como artifício basilar uma mentira arqueológica: o recalcamento . e ainda bem que assim é, acho que o recalcamento é muito útil e deveria até ser mais exercitado. de facto , o que faz falta é uma inversão da ortodoxia psicanalítica. o psicanalista é , na verdade, um fiel cruzado contra a mentira.
o que o ser humano verdadeiramente necessita é mentir tão perfeitamente que determinado processos passem, simplesmente, a não figurar no seu eu psíquico , sendo assim desnecessária a intervenção de clínicos destinados a clarificar nossas habilidosas mentiras.
esse é aliás o patamar de máxima perfectibilidade de qualquer mentira: quando ela se torna verdade.
mentira.
na verdade, a mentira é que nos faz distintos de toda a restante criação, admitindo-se, no entanto , alguma responsabilidade também às luvas de borracha.
o que mais gosto na vida é de mentiras, engodos , ilusões, confabulações. haveria arte, amor, relaçõs sociais ou auto -estima sem recorrer ao artificioso pressuposto da mentira? não creio.
há igualmente todo um darwinismo social que pode ser lido à luz da mentira e da sua força ilocutória.
a linguagem existe para ser desmentida, pois é isso que subjaz à arbitriedade do signo. no entanto, a estabilidade sígnica existe para que possa interpor-se o curso da mentira , que para os estruturalistas nada mais seria se não a infinitização optimizada de todas as possibilidades referenciais dos signos.
aprendemos a mentir desde cedo e,logo aí, se inicia o processo de recalcamento da mesma.
contudo , fazem-nos acreditar no pai natal, no coelhinho da páscoa e ameaçam-nos com homens- do -saco e outras monstruosidades quejandas com o único fito de deglutirmos algumas calorias mais ou permanecermos quietos e serenos numa qualquer manifestação de mentira pública.
o processo psíquico tem como artifício basilar uma mentira arqueológica: o recalcamento . e ainda bem que assim é, acho que o recalcamento é muito útil e deveria até ser mais exercitado. de facto , o que faz falta é uma inversão da ortodoxia psicanalítica. o psicanalista é , na verdade, um fiel cruzado contra a mentira.
o que o ser humano verdadeiramente necessita é mentir tão perfeitamente que determinado processos passem, simplesmente, a não figurar no seu eu psíquico , sendo assim desnecessária a intervenção de clínicos destinados a clarificar nossas habilidosas mentiras.
esse é aliás o patamar de máxima perfectibilidade de qualquer mentira: quando ela se torna verdade.
odisseia no espaço
devia haver um catálogo de desculpas exemplares, as mais célebres e eficazes alguma vez usadas na mui excelsa história da mentira.
e devia haver também um banco de desculpas de emergência, disponível 24 horas por dia. recomendo também vivazmente a utilização de um gestor de desculpas, para não incorrermos no erro capital de todas as desculpas: a reincidência.
devia haver um catálogo de desculpas exemplares, as mais célebres e eficazes alguma vez usadas na mui excelsa história da mentira.
e devia haver também um banco de desculpas de emergência, disponível 24 horas por dia. recomendo também vivazmente a utilização de um gestor de desculpas, para não incorrermos no erro capital de todas as desculpas: a reincidência.
12/18/2004
ao fumo
acho uma pena o cigarro fazer mal à saúde.
ao cinema acho que faz muito bem. alguém consegue visualizar humprey bogart ou james dean sem um cigarro? o que seria de belmondo sem o displicente cigarro em un bout de souffle? ou dos filmes de wong kar wai sem a fantasmática dança da nicotina volatizada?
acho uma pena o cigarro fazer mal à saúde.
ao cinema acho que faz muito bem. alguém consegue visualizar humprey bogart ou james dean sem um cigarro? o que seria de belmondo sem o displicente cigarro em un bout de souffle? ou dos filmes de wong kar wai sem a fantasmática dança da nicotina volatizada?
boletins de voto deviam ter incluso um espaço para p.s ;
eu gostaria muito de votar com direito a post scriptum .
eu gostaria muito de votar com direito a post scriptum .
12/17/2004
a mais bela flor do lácio
hoje lia um texto sobre projectos curriculares de turma, um sofisma didáctico dos nossos dias. a páginas tantas, vejo que o docente responsável deseja propôr mudanças ao dito projecto. essas mesmas mudanças teriam de ser comunicadas aos seus estagiários .
ou seja, o senhor docente que escreve propôr e a quem compete a redacção de um projecto curricular , tem ainda a mui nobe incumbência de orientar estagiários.
um deste dias, vou deixar de me espantar com coisas destas.
hoje lia um texto sobre projectos curriculares de turma, um sofisma didáctico dos nossos dias. a páginas tantas, vejo que o docente responsável deseja propôr mudanças ao dito projecto. essas mesmas mudanças teriam de ser comunicadas aos seus estagiários .
ou seja, o senhor docente que escreve propôr e a quem compete a redacção de um projecto curricular , tem ainda a mui nobe incumbência de orientar estagiários.
um deste dias, vou deixar de me espantar com coisas destas.
12/12/2004
ale, ale
ale? já chegaste?
(nao dá para marcar cadáveres esquisitos contigo... (ehhe).fico sempre a ver navios).
(nao dá para marcar cadáveres esquisitos contigo... (ehhe).fico sempre a ver navios).
12/04/2004
ah, seu freud, esta queria eu que me explicasses
esta noite sonhei que o meu cão falava.
até aqui nada de estranho , o giro mesmo é que eu lhe repondia com toda a naturalidade. o conteúdo não posso recordar , mas tínhamos ambos livros no colo .
ah, e ele estava de perna traçada.
esta noite sonhei que o meu cão falava.
até aqui nada de estranho , o giro mesmo é que eu lhe repondia com toda a naturalidade. o conteúdo não posso recordar , mas tínhamos ambos livros no colo .
ah, e ele estava de perna traçada.
magna electrodoméstica
ad augusta , per angusta
a vida electrodoméstica precisava de uma epopeia à sua altura. sempre que olho o meu frigorífico, vejo nele um heitor que aedo algum cantou .
já a minha torradeira tem trejeitos de lavínia . pessoalmente, gosto de atentar nos roucos diários e sibilinos da máquina de lavar roupa, esse grande útero da vida doméstica, como se fosse ela própria a oracular voz de delfos .
o meu aspirador possui a determinação dum aquiles de pés velozes e a vetusta cafeteira uma fidelidade que me recorda o cão do próprio ulisses , o herói dos mil engenhos.
por vezes os deuses zanussi , candy , moulinex , e sony têm entre si contendas tais, tais e tantas que nossos electrodomésticos são levados pelo cruel destino às mais cruéis provações. o último objecto de divinal fúria foi um jovem mancebo que se incumbia da leitura de dvd ´s , actividade reprovada pelo olimpo sempre etéreo, que não aprecia a excessiva mimesis de tais engenhos.
morreu novo , como apreciam os deuses, e heroicamente entalado num filme de renoir.
não sei que musa, não sei se tágides , calíope ou clio nos poderão dar o divino furor , para com engenho , arte e alguns sonoros kilowats provermos a vida electrodoméstica de seu canto.
a maquinaria ilustre e mui assinalada, de nossas linhas de montagem descendida, por quem tanto tememos todos os blackouts, clama de suas profundezas genealógicas o canto que lhe temos vamente negado.
auspicioso seja o verso futuro , agraciado pela trindade worten , equipolar e lojas singer!
já a minha torradeira tem trejeitos de lavínia . pessoalmente, gosto de atentar nos roucos diários e sibilinos da máquina de lavar roupa, esse grande útero da vida doméstica, como se fosse ela própria a oracular voz de delfos .
o meu aspirador possui a determinação dum aquiles de pés velozes e a vetusta cafeteira uma fidelidade que me recorda o cão do próprio ulisses , o herói dos mil engenhos.
por vezes os deuses zanussi , candy , moulinex , e sony têm entre si contendas tais, tais e tantas que nossos electrodomésticos são levados pelo cruel destino às mais cruéis provações. o último objecto de divinal fúria foi um jovem mancebo que se incumbia da leitura de dvd ´s , actividade reprovada pelo olimpo sempre etéreo, que não aprecia a excessiva mimesis de tais engenhos.
morreu novo , como apreciam os deuses, e heroicamente entalado num filme de renoir.
não sei que musa, não sei se tágides , calíope ou clio nos poderão dar o divino furor , para com engenho , arte e alguns sonoros kilowats provermos a vida electrodoméstica de seu canto.
a maquinaria ilustre e mui assinalada, de nossas linhas de montagem descendida, por quem tanto tememos todos os blackouts, clama de suas profundezas genealógicas o canto que lhe temos vamente negado.
auspicioso seja o verso futuro , agraciado pela trindade worten , equipolar e lojas singer!
12/03/2004
Doctor Unheimlich has diagnosed me with Torneiras de freud 's Disorder | |
Cause: | spaceborne bacteria |
Symptoms: | flatulence, hissing, glimpses of underlying reality, slow heartbeat |
Cure: | pass it on to someone else within seven days |
12/02/2004
r.i.p
foste para mim
page not found
eu tentava, tentava
e tu só clamando
error , error , error
eu de tudo fiz
o browser mudei
o anti- vírus instalei
mas tu eras o melhor bug
de todo o meu software
no fim de tudo
nada mais sobrou
do que um anónimo
that request is no longer valid
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eu tentava, tentava
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nada mais sobrou
do que um anónimo
that request is no longer valid
inadmissível
o meu publish post apaixonou-se por uma page not found e desapareceu por demorados minutos. voltou famélico e precisado de cuidados.
no meio tempo, vejo -me arremetida a um circunspecto silêncio. conselhos alexandra monteiro para uma vida feliz recomendam : não se envolva com um blogue apaixonado.
o meu publish post apaixonou-se por uma page not found e desapareceu por demorados minutos. voltou famélico e precisado de cuidados.
no meio tempo, vejo -me arremetida a um circunspecto silêncio. conselhos alexandra monteiro para uma vida feliz recomendam : não se envolva com um blogue apaixonado.
o xis da questão
sic transit gloria mundi
- correu -te bem o teste?
- sim, professora, obrigada.
- e qual era o texto para ser analisado?
- uma crónica da laurinda alves , professora.
sic transit gloria mundi
- correu -te bem o teste?
- sim, professora, obrigada.
- e qual era o texto para ser analisado?
- uma crónica da laurinda alves , professora.