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2/29/2004

para a ale, (por causa de uma conversa de hoje...e perto do que não sei dizer muito bem..)

as pessoas são como as estações, como o título do cd que trouxeste da holanda. um homem tem as estações do ano, uma primavera, um verão, um outono, um inverno. folhas verdes que ficam amarelas e depois vermelhas e depois mortas. não sei se são os moinhos da imaginação. sei que a conversa rondará comigo e contigo ou somente comigo a esperança e a falta da esperança, o desejo, o desejo de continuidade, a supressão das lágrimas, a loucura e e e. e a ausência ou a presença de deus, comigo. é simples dar conselhos, como dizer come chocolates e vamos deixar os coros e novelos da metafísicas de lado. se fosse só a metafísica. há frases económicas e que caem em total desamparo. só que há frases que têm de andar sempre connosco. eu disse uma vez que tu nunca estarias só. e voltei a dizer. e volto a dizer. tu nunca vais estar só.
proposta à lord byron

ale, desafia-me antes para um duelo, ao amanhecer e num jardim não-francês.
se tu ganhares, ofereço-te todos os meus livrinhos do deleuze (tenho de falar nele para ser bem vista eheh) e fotocópias inclusive. (eheh)
O mal das aspas

quando há somente as aspas e muito pouco se vê entre elas, alguma coisa falhou. o contexto? colocar aspas com conteúdo dentro é melhor.
segredo

tenho um livro de bolso da gallimard, pronto para comer.
se a ale continuar a pressionar-me por causa da clínica tallon, só terei duas soluções. ou ir para a Suiça ou enfrentar o meu destino, ou seja, ir para o queen mary II.
Socorro!

ale quer que quer levar- me à tal clínica do tallon, afirmando mesmo que se eu perdesse alguns kilos de deleuze e de álvaro campos ficaria muito melhor da minha saúde mental. perder a minha actividade de citar vai ser muito triste. deixar de lado o meu próprio livro de passagens, como pode ser? como é que lhe vou dizer que encontrar uma frase, às vezes, assim ao acaso, pode ser uma pequenina luz que depois se torna sombra para nós acendermos o nosso próprio pensamento. essa pequenina luz, às vezes, traz um sorriso ou o ricto de um sorriso muito breve. mas é um sorriso. colocando na batedeira o que acabei de dizer, vai resultar nisto, citar não faz mal à saúde mental. o que não é bom é quando citar se torna numa coisa muito obsessiva. aí sim, peça o número de telefone da clínica do tallon, ela o dará com todo o gosto. não sejas má, vá lá!
por perguntar,

os moinhos de deus ou moinhos da imaginação?

os moinhos de deus.....
reiteração de conclusão precipitada

o mal do mundo são os moinhos .
endless story

deixo reticências como quem quer escrever ponto de exclamação .deixo silêncio quando queria gritar de alegria ou de dor, tanto faz .
fico parada à espera da dança que não virá e anoiteceu já.
o mundo parou e não demos as mãos .
o que há de irreparável? o que resta para celebrar ? tudo é contornável como num belo postal a preto e branco em que um casal passeia de olhos no chão ?
quando se rompem os momentos de começar a ser fim?
pede-me um beijo e ainda to dou .pede-me uma carta .a palavra repetida e sempre nova .todos os amantes podem ser assim ,tão só uma variação dos primeiros amantes sobre a terra .
e que nos importa isso ? diz-me , que te importa isso ? o rio que passa ou as aves que vemos sempre brancas no céu , longe .o céu está muito mais longe que o teu coração .tudo isto é um tema de poesia , de um um texto que não farei , e falta-me o sopro e faltam -me as palavras e só consigo rasgar -me toda pra cavar mais fundo as palavras que já não te servem.
este podia ser um texto longo .tão longo como as horas todas que me atravessei para te buscar em mim.de tanto te buscar passei a ter -te onde eu era .
e agora vejo o teu rosto do outro lado da vida , impossível .impossível . repetidamente impossível .e não há uma frase que eu faça , que eu tente , que eu roube , uma só frase que te traga a comoção de te ter perdido .
acabo o café e termino com lentidão o cigarro .na demora que me dou apresso as últimas frases que te entrego , inúteis como todas as histórias ,sobretudo as de amor , inúteis como o mundo , como eu e tu que um dia nos beijámos .
Virginia desconhece a clínica do tallon

"Escrever é também devir outra coisa diferente de um escritor. Àqueles que lhe perguntam em que é que consiste a escrita, Virginia Woolf: quem é que vos fala em escrever? O escritor não fala disso, ele está preocupado com outra coisa."

G Deleuze, Crítica e Clínica, Edições séc. XXI
tallon para intelectuais


o famoso e carístico médico espanhol vai alargar o espectro do seu mercado e ajudar a intelectualidade portuguesa na busca da dieta ideal .
reduzir os ingredientes franceses na dieta intelectual é o primeiro e mais difícil passo a ser tomado pelos adeptos do nutricionista espanhol . tallon terá comentado :

_« um balzac ou proust ocasional em pequenas doses é permitido , mas jamais um deleuze ou philppe sollers , pelo altíssimo potencial citacional que acarretam ».
a redacção das torneiras conseguiu apurar in loco as reacções de alguns dos mais insignes representantes da intelectualidade nacional .estas são as recções da mais que famosa bolinha semiótica:

_« estou muito feliz , porque passei uma semana inteira sem digerir nada do deleuze .o próximo passo é abdicar do vício dos descontrucionistas norte -americanos ».


quem prometeu uma contra-ofensiva ao recém -sucesso de tallon com foi catarina tallon, ex-mulher do famoso médico , que assegurou em conferência de imprensa « tratar -se tudo de um embuste .as pessoas vão para casa , desistem do deleuze ,mas passam a consumir avidamente foulcaut ou derrida( já muito demodé , é certo ) .»
o certo é que o médico afiançou ser seu desígnio emagrecer a classe intelectual nacional .


culpa ( the return )

já foi da nébia,dos ovos das galinhas do campo e do lixo espacial,da operação triunfo ,da font-family verdana,arial ,das luzes de nevoeiro. da seta do centauro ,do elton john do cometa halley e do estádio do dragão, da junta provisória de salvação internacional do património freudiano, dos anúncios de emprego do jn, da escova de dentes. hoje a culpa é da porta. tenho dito. é da porta.
hoje a culpa é do d.quixote.e tenho dito , a culpa é do d.quixote .

29 Fevereiro de 2004


com palavras me canso
e de palavras
me contrario.
mas na boca
é o teu nome
a palavra que me beija
e com palavras insisto
na duração do mundo .

resta-me uma inquietação
mais vaga que presente:
como me verei
na sílaba mais longínqua
da tua retina fechada?
conclusão precipitada


o mal do mundo são os moinhos .
dúvidas dominicais:

_ nicotina ou metafísica?
conclusão precipitada

o mal do mundo são os moinhos .
depois do meu pré-poema (ver post anterior), o pré-pré do texto.

em poucas linhas, não cair no meu próprio ensimesmamento, colocar-me fora de mim, habitar um espaço-entre, caminhar dentro de uma imagem e ousar a linguagem.

agora não sei onde pára a verdade. vendo bem as coisas, a verdade será só a forma?

2/28/2004

Caminho sem pés e sem sonhos
só com a respiração e a cadência
da muda passagem dos sopros
caminho como um remo que se afunda.

os redemoinhos sorvem as nuvens e os peixes
para que a elevação e a profundidade se conjuguem.
avanço sem jugo e ando longe

de caminhar sobre as águas do céu.

Daniel Faria
Mapa-Mundi

Sento-me à mesa de trabalho de trabalho. Inclino a cabeça para a memória dos livros que li e amei.Com um gesto de ave pouso a mão sobre o papel. E no interior da sombra da mão, começo a escrever: era uma vez...

in O Anjo Mudo, Al Berto.

2/27/2004

pode -se entender o que não se conhece????
emancipação feminina é:


escrever doudices enquanto na cozinha alguém descasca as batatas .
recordação de paris


havia nos nossos peitos
o mesmo silêncio
que numa vela apagada
e o muito vento
não nos fechava
os olhos à maior tristeza
da cidade .

num só dia
ruas e rostos percorridos ,
frágeis como o céu
caindo lento no sena .


nessa noite
eu perguntava-me
era o copo que se esvaziava
ou os teus olhos
gastando-se de tanto vazio .
mudança de margem

nebia e as suas personagens estão esquecidas na margem da alegria no blog novo-velho. o meu cão witt já estava cansado das minhas palhaçadas. o inverno não se esquece como não se esquece o que não se tenta escrever ou juntar palavras aqui. será novamente a nebia com os seus pontos de interrogação? e que interesse tem isto? é tempo de jazz. a estação será mesmo de jazz. ainda não sei. palavras atravessadas como já disse. é só paisagem. doudices
conversa de mecânico

-nos últimos dias tenho notado uns barulhos estranhos ali na sexta estrofe...
-humm, barulhos na sexta estrofe ...isso deve ser da rima esdrúxula !
Título

já tenho título para os poemas que não vou escrever.
escrevo aqui: "Nuvem", pág 7. "Nuvem", pág 8 "Nuvem", pág 9, "Nuvem", pág 10
.....
tráfego


acreditem ou não : ontem vi um poema em excesso de velocidade e hoje estava um soneto avariado na berma da 109.
Linguagem Tag

< pensamento= "tudo e semente" >
URL: Saudades
................ .............................. ....................... ................ ..............
como se faz para espremer uma musa como um limão?

ver imagem anterior
a musa das torneiras !!

depois de uma prolongada estada pelos canais holandeses , acaba de chegar a musa oficial das torneiras :




digam olá à nossa musa bretoniana !
patético II

-levas-me até ao deserto?
-não há mapas que me atravessem o peito .
factos sociológicos


as mulheres adoram dizer que os homens não as entendem .

os homens adoram dizer que não percebem as mulheres .


às vezes alguém aparece e reparte o mal pelas aldeias : pois este gentio não entende , nem é entendido .
e assim marx fica com a culpa e sic transit gloria mundi .
conversas de divã:


tenho recorrentemente este sonho : estou a ser atravessada por um comboio de alta velocidade e os passageiros agarram-se aos meus cabelos enquanto um pássaro azul me levanta os braços e ...

cof , cof ...a hora acaba de terminar , mas aqui tem um rebuçado .até prá semana !




conversas de divã:

tenho uma fixação com frigoríficos :acho-os tão confiáveis ,a luzinha acendendo sempre que se abre a porta.tudo na vida devia ser assim: com uma luzinha simpática direccionando a manteiga , o salame dinamarquês ou a feijoada de há três dias.
que me tem a dizer , doutor?

cof , cof ...a hora acaba de terminar , mas aqui tem um rebuçado .até prá semana !
decisões históricas

viajar para cidades com o exacto número de nove letras .
patético I
( segunda série)


-tenho tanto frio .
-onde?
-dentro dos olhos , lá onde já não te vejo .






olá !


i was blogohappy e não sabia ...

2/24/2004

o filho pródigo

tá aí alguém? não , pois não? c`est la vie ...tive saudades da velha casinha ...vim aqui e deu-me vontade de por aqui ficar , onde o mundo é simples como um só clique , ao contrário do barroco sapal .
mesmo a falar com as paredes virtuais e os fantasmas bloguísticos e ninguém mais deu -me vontade de cá vir .

2/16/2004

AGORA ESTAMOS AQUI:

http://torneirasdefreud.blogs.sapo.pt/


(motivo não-oculto de mudança:nebia ficou com muito medo de um determinado exército de caricas, embebidas de coca vermelha (de que ale ainda não tem conhecimento conscientemente) e agarrou na sua linda linda...(ver foto no nosso novo blog)..agora só falta ale chegar lá, de side-car, (hehe). e não te esqueças de dar boleia ao jojó e ao vavá...e so on, so on.

2/15/2004

pesadelos famosos


eu era a letra «a» do laptop de margarida rebelo pinto e ela não parava de me carregar e carregar e carregar ...
eu era um das lentes dos óculos do avô saramago e só via alegorias e não me deixavam dormir , porque um exército vermelhinho de tampinhas de coca-cola ,bebidas ocultamente ,me dizia : alegoriza , alegoriza , alegoriza !
eu era um brinco da laurinda alves e sofria de flatulência .

e depois acordei e eu era eu .ufa!

conclusão metafísica? o ser e o tempo ?relatividade?la recherche ?

depois de amanhã é dia de ser dois dias depois de hoje .
un certain silence

na tua mão a casa aperta-se
onde o cheiro do silêncio
nos adormece .

qual a primeira palavra
rompendo os lençóis?
esperamos pela manhã de olhos abertos ,
até não ser possível
a contemplação dos rostos
ou o pedido que torne qualquer despedida impossível .
damo -nos essa promessa
como uma faca lenta
sobre o coração ,
habituando -se a ser sangue .

as pernas desmentem a distância
e só os olhos se apartam :
é tão longe o lugar que habitas
que não lhe sabes o nome .

se me chamares posso
deitar a retina no teu pulso ,
escutar o mar que irrompe perfeito
dum mapa que inventámos ,
sombrio e irreal
como o teu primeiro chamamento .
lembras?
estava frio , não havia mais nada na cidade
para vencer ,
mais nada que os teus olhos
ao contornarem
cosessem de sonho .
e longe ,
como se uma ponte
ou uma flor me dissesse
na tua saliva ,
irrompeu a palavra que
nos bebe .

na tua mão a casa aperta-se
onde o cheiro do silêncio
nos adormece
e desdobramos
o céu irrepetível
do dia mais triste .







as aventuras de jojó , mordomo e poeta rocher

novela em crise autoral e sem patrocínio


jojó olhava com delongada calma o jardim japonês de madame , ideia que vavá havia sugerido na sua fase orientalista e madame acolhera com especial gáudio ,quando é subitamente interrompido por madame :
_jojó , apetecia-me algo !
_pois não , madame ...
_jojó -balbucia madame entre lágrimas ,é mesmo verdade que vamos ser transferidos para uma novela da tvi ?
_não sei , madame ...julgo que o nosso formato não terá lugar em tal grelha televisiva , afinal eu sou um candidato a lides poéticas ...
_pois é jojó , mas já viu onde chegou a nossa penúria ? só nos faltava mesmo que virasse neo-realista , córrore , valham-me os serviços da companhia das índias !
_jamais ,madame , jamais , serei tudo , mas poeta neo -realista não !
madame comoveu-se com o arroubado gesto de coragem e determinação do imberbe jojó que , como penada final, ainda ripostou :

-tratarei imediatamente de providenciar uma sextina relativa às desventuras urbano -metafísicas de um crítico de ópera recém interessado pela mecância automóvel que será servida com o five o `clock tea !
e prontos pá , bibó puorto !


2/13/2004



"In the Hollow of a Wave off the Coast at Kanagawa", de Katsushika Hokusai.
A

A Sílaba

Toda a manhã procurei uma sílaba.
É pouca coisa,é certo:uma vogal,
uma consoante,quase nada.
Mas faz-me falta.Só eu sei
a falta que me faz.
Por isso a procurava com obstinação.
Só ela me podia defender
do frio de janeiro,da estiagem
do verão.Uma sílaba.
Uma única sílaba.
A salvação.


Eugénio de Andrade, de Ofício de Paciência

2/12/2004

Aqui

doudices ao correr das torneiras por ale e por nebia.
- viste, viste?
- o quê?
- passou um barco de silêncio, por aqui.


Ab Ovo?

escrevo este texto, mais aquele e outro ainda. e nestes textos não pode haver nenhuma separação, eles fluem na mesma melodia. numa melodia infinita. e o texto antes de ser muitos, é somente um, único, de verdade, a traduzir o ritmo da memória.e porque não? posso tomar a liberdade, sendo as palavras a matéria primeira do texto, de o escrever, de um modo lúdico, de um modo experimental. de um modo original. como fosse uma poesia respiratória.
desconto, no papel?

depois de contar tudo, multiplicar, somar, subtrair, etc, o eu-leitor deu um bom desconto.

atrever-me-ei a contar?


post dubitativo
a liberdade

«O mais verdadeiro respeito que podeis mostrar pelo entendimento do leitor é dividir as coisas a meio amigavelmente, deixando-lhe a ele algo que imaginar, por seu lado.»

Tristram Shandy (Vida e Opiniões de Tristram Shandy), Lawrence Sterne, Antígona.

2/11/2004

Conto,no papel?

vou somar os passos que perdi nesta cidade, vou dividir as vezes que não vi a madrugada a levantar a noite, vou multiplicar os sons modelados em gestos, vou subtrair marés ao mar, ...
quando a cidade é um traço de união no papel

E quando a cidade já é um palimpesto, demasiadas vezes, escrito e reescrito, com todos os sentidos, com os olhos, etc, ou melhor, e quando a cidade já não passa de um marcador de livro, a marcar a mesma página, vai se inventar uma cidade no papel? vai se pedir exílio ao livro, porque já não se sente a cidade, será isso?
então, é simples, pedir emprestado ao paul valéry, duas frases do seu monsieur teste, o infinito, meu caro, é bem pouca coisa; é uma questão de escrita. O universo só existe no papel.
E, subitamente, a sintaxe é uma árvore sem ramos.
E depois, subitamente, a sintaxe lançou ao mar a rede e só retirou de uma imensidão, um de cada vez.



Inverno. Bátegas. Corre. Voz. Mar. Ponto. Paredes. Fuligem. Labirinto.


E depois, depois, subitamente, surge um pensamento-tubarão e o que restou foi








O Vento da Foz


O vento, da Foz do Douro, deixa marcas nas árvores..e não será só o vento.
Essas árvores ficam perto, da casa, de quem escreveu "O Mistério da Árvore"...
se a psicanálise fosse um contentor reciclável de frases sobre sentimentos e neuras, etc, etc, seria de cor-de-burro-quando-foge.


(já andei a fazer sondagem, é mesmo essa.)


falando em psi, porque é que o Woody trata tão mal os psicanalistas?
caramba, é como tudo, há bons e maus...

Psychiatrist: Tell me about your dream. The Cleveland Indians all got jobs at Toys R Us?
Jerry Falk: Yeah. So what can it possibly mean? Look, I can't keep wasting my hour here describing lunatic dreams. I have a date with Amanda. I can't keep running around town on the sly and live like this. Amanda can handle it, but I need help. What do I do? I have to extricate myself from Brooke. It'll break her heart. She wants to marry me.
Psychiatrist: What comes to mind about the Cleveland Indians?


ale, o que é que eu te dizia do Toys R Us? (ehhe)
a vida e tudo o mais



convenci o psicanalista que vive, no rés-do chão, do prédio ao lado, a ir ver o último filme de Woody Allen. e o mais estranho é que ele me deu caminho aberto para ir vê-lo. temia que me falasse muito mal do filme, mas não, não, diz ele, este filme não te vai provocar nenhuns danos colaterais....só que quando me disse que na banda de sonora estava a Billie Holiday, então aí nem pensei duas vezes, ..Billie in New York..

não, não é um filme pós-11 de Setembro....., se não fosse o realizador Woody Allen, a viver em Nova Iorque...


David Dobel (Woody Allen): The pill makes her crazy? Falk, she *is* crazy. The Pentagon should use her hormones for chemical warfare.

-----------------------------------------------------------------------------
David Dobel: The thing I'm going to miss the most is the kids. The kids here are wonderful kids... they're bright... you should see the creative ways they smuggle weapons past the metal detectors.

-----------------------------------------------------------------------------
Jerry Falk(Jason Biggs): Remind me to add him to my Christmas list if I ever learn how to make a letter bomb.

2/08/2004

the end!
( deu-me para isto ...)

o peixe da criança era de lua cheia
e o mar do peixe era um céu
onde as estrelas tinham cheiro de avelã.

por esses dias ,
o elefante da criança já não era cor-de -rosa
mas sim cor-de -nenhuma-cor
e também não voava
porque alguém lhe dissera :
elefantes não voam.

a criança ficou triste e por isso
todas as noites
ela sopra o seu elefante
para adormecer feliz
em cima de uma tília .
ecos de um casal literato 2


já foste à tua magazine littéraire?
não , fui à tua !
ecos de um casal literato

ele:vai à estante buscar o philipe sollers .
ela:( sussurrando e com olhar voluptuoso ) vai tu !
marguerite ,a dança ,a voz e os espelhos

rostos quase sempre duplicados nos espelhos e vozes ausentes .a textura a doer.o vermelho da mulher dançando .o preto da mulher , quando prostada no chão .
a dança , os corpos repetindo uma mentira que não ouvimos .

uma música servindo a desaparição .
o que fica é indistinto e sublime , não se nomeia ,não se refere .





esta manhã

não o sol
mas qualquer coisa
oculta na palavra sol
estalava lenta
na tua puplia .
interlocuções dominicais
-mãe ,mãe por que é que o pai não me foi ver representando a ovelha ninó?
-querido ,sabes...o teu pai ...bem , não é fácil explicar -te , mas...
-ó mãe , eu já sei de tudo !
-sabes?
-sei , sim .o pai ...o pai tem um blogue !
-filho ...


(abraço emotivo entre lágrimas e fim de diálogo )
proposta


fazer da incomunidade literária uma aldeia da roupa branca.


(que bonito seria ver os poetas da nossa praça desfilarem ,qual lavadeiras idilícas ,carregados de poemas à cabeça !!)


( aceitam-se candidaturas para o papel de beatriz costa!eu cá já tenho as minhas ideias!!!)



post com o rigoroso patrocínio dos glutões presto
que dia bonito !

( ou como dormir de mais nos faz surtar numa sub speciae aldeia da roupa branca )

andorinhas nos beirais ,os poetinhas estendendo ao sol seus sonetos alvíssimos ,crianças de balão vermelho atado ao pulso e cães pulando felizes na última poça de água .
avistamento

eram dois rostos numa quase cidade
completando a madrugada
de mágoas e de engano .
passavam de negro
as mais negras aves do céu
riscando o coração
entre as mãos apertado .

na paisagem final dos rostos
a cidade cobria-se de silêncio
e imperfeição
enquanto o beijo doía
nos muitos dias por contar .

ninguém que avistasse aquele abraço
ou dele dissesse que fora
a terra estendendo -se .

olhos só no mar repetidos
poema que ninguém avista
ó triste e leda madrugada
enquanto pela cidade se vestem
os homens de pressa e solidão.
bom dia blogosfera!

sim , eu sei, são seis e muito da tarde ,so what?

2/07/2004

bonjour!




ainda com o ponto de vista do tatami


meu favorito é o espace 3. ela a olhar para a casa vazia. é de morrer!
sugestão: clicar com o lado esquerdo no espace 3. (para saltar de um para outro, fazer play) ele aparece em zoom out, mas fazer zoom in e no fim fazer clique. é fabuloso!



no caderno do Ozu está o plano mais do que perfeito para assaltar uma cinemateca...ehhe, obviamente que não posso avançar com pormenores.
broadway

o blog é tão tão inútil, como útil para dizer meia dúzias de doudices. a lua está um espanto. chove muito. o jardim que avisto de perto, as pedras se encontram dispostas como fossem notas musicais de uma pauta de beethoven. chego de um café, enquanto bebia o meu café cheio, passava na minha cabeça o filme "smoking/no smoking".e enquanto perscrutava o rosto de um homem, de aparência oriental, notava como ele escrevia um singelo postal.escrevia como estivesse a somar palavras. pensei. johnny levou o meu isqueiro azul. como não voltou, já mandei colocar e tudo, no queen mary, cartazes com letras à garrafão, procura-se johnny, motivo: isqueiro azul de grande valor existencial. meu carrinho ficou preso numa rua sem sentido e como não quis dar marcha atrás, ficou lá até agora. ao fundo do quintal, vejo, atenção-atenção, maria gabriela llansol, não responsável pelo o texto que vou dar a ler. está no parapeito da janela a gritar: "onde vais drama-poesia?". não sei o que se passa. será que foi o vento que trocou os ângulos da casa? diz agora o texto: maria foi à porta ver o desejo, num ser futuro que passara na sombra de uma pessoa, para voltar a entrar em casa. amanhã vai passar um avião numa terra distante, ficará um traço no céu,____________________________________
há dias, um verbo esperava pelo seu elevador para subir. carregou no futuro e esperou por ele. e lá subiu e parou no seu tempo futuro. ando muito triste, o que é que estou a dizer?, ando muito contente, porque perdi o meu catálogo de sombras num museu, .... o que também não foi notícia é que o vencedor da crónica da última semana com foto e tudo, para fugir das câmaras fotográficas, entrou num helicóptero, e desceu de pára-quedas no queen mary, mas precisamente no planetário, vendo assim muitas estrelas, em pleno alto mar. obviamente que ele foi ao encontro do escritor ,não conhecido do continente europeu, e mais não posso dizer por agora...bem, vou abrir uma brecha no texto, para dar duas notas deveras importantes. a primeira é que o senhor que vende castanhas ao pé da igreja, perto da minha casa ( curioso sempre tive os sinos ao pé da minha janela) ainda não mudou de sintonia, continua a ouvir a mesma rádio, no mesmo lugar. a segunda é que enquanto começava o meu concurso, sem regulamento, de busca de traços, nas minhas viagens de metro para casa, dei com um se, perturbante, em cima de um banco. se numa noite de inverno um viajante,...deixasse um livro cheio de névoa,...

2/06/2004

pontinhos avec estrelinhas

..... ***** ...... ******


ja que os meus sinais de pontuacao andam deprimidos e lhes dei um prozac que resultou em disturbios de personalidade
assim os meus sinais de pontuacao acabam de surtar e acreditam piamente serem sinais de transito .
sendo assim stop sinal vermelho para a escrita


a culpa deve ser minha quem me mandou querer ser rotunda ( ponto de interrogacao)
retida na rotunda

apenas hoje pude fazer o meu regresso triunfal ...sem arco ...

2/03/2004

só para dizer

que hoje decidi : sou mesmo eu .
mas estou a pensar fazer uma rotunda para me circundar e ter sempre prioridade!

2/02/2004

reiteração por imprópria pessoa


continuo a não ser eu .eu estou sentada no baloiço verde que há na esquina dos gelados , no lado esquerdo da minha alma .
e não tenho dito .


p.s.( fica por dizer )
ontem comprei um escritor nos saldos

mas hoje ele já não envia mensagens.ficou sem saldo .
por favor ,entrem devagar ...o cão witt está a semiologar !

semiologuemos , amigos , semiologuemos!schhhhhh...
sobrancelha de sofia alves exige ser dobrada!

( aliás , doblada)

aproveitando a visibilidade da famosa actriz na terra dji nóssuis irrmão , a sobrancelha de sofia alves ter-se-á revoltado contra aquilo que considera ser « uma muito injusta secundarização do seu papel na trama narrativa da novela da tvi comprada à venezuela e agora vendida ao brasil...afinal eu faço o trabalho todo , e estou a ser vítima de descriminação porque ninguém me doblou » .


privada da sua sobrancelha ,a actriz ter-se-á exilado nos gabinetes paulistanos da esteé lauder , donde só deverá ausentar-se depois de uma arriscada reescrita de sobrancelha a que terá sido sujeita , segundo informação de última hora .
nova grelha de programação

tiroliro liro e solidó viviam harmoniosamente .na paz do senhor , dir-se-ia.até que algo de misterioso e inexplicável aconteceu .
intriga , traição , violência ,erotismo e discussão literária numa novela policial inédita na blogosfera.
afinal quem separou o tiroliro liro do solidó?
dúvida técnica

quem está em entre o tiroliro liro e o solidó? o gato tareco?
o mundo postal toca-nos sempre duas vezes

promoção de viagem à galiza.para aliciar as pensões dos nossos aposentados ,além da mónica sintra promete-se uma espectacular oferta : um chourição ibérico !
pobre país aquele em já nem a mónica sintra deleta a apagada e vil tristeza da nossa classe aposentada...

e viva o chourição !
de repente , não mais que de repente


o horror , a náusea , o caos interior , a fuga impossível ...
restam-me meses para expirar de vez o meu cartão jovem.
agora promoções especiais só quando senex....buááá!

dúvidas existenciais lógico-aditivas

será que eu preciso de um egoduto ou de um eggduto?
partilha de sons

( para a nebia )


jump in the river

rain, rain on me
I thirst only one desire

strange danger we
go dancing into the fray


where the water runs deep
more than the flesh or the pleasure can keep
oh please won't you
jump in the river with me


sweet the grape
deep ripened soft betrayal


stealing days
this tormented mad embrace


and so long may she reign
(long may she rain)
long may the stains run forever
and then, again
oh won't you
jump in the river with me
jump in the river with me....


COUSTEAU



seguro directo

( agora no mundo literário)


poetas desinspirados , romancistas em crise com suas personagens ,dramaturgos à beira do suicídio ...calma ...a vossa marta vai chegar !
sugestão do chefe

o céu na latitude 78º está deveras apetitoso para esta noite .
as aventuras de jojó , mordomo e poeta rocher

( novela em crise autoral , com direito a mudança de patrocínio e personicídio )

enquanto escuta a sonata nº 1 para piano de shumann , madame observa jojó que caminha graciosamente entre as glicínias premiadas .na mão um espanador de penas de ganso , no bolso algo que se assemelha a um moleskine .

madame condói-se de tão pueril rapaz e chama-o :
-jojó , apetece-me algo !

o servil , porém viçoso praticante das belles lettres ,dirige-se lenta e solenemente para madame ( ele havia adquirido este tique aquando da sua permanência no queen mary , observando alguns ingleses mais distintos ) .

-sim , madame?
-diga-me, jojó , tem escrito?

jojó surpreende-se com a curiosidade de madame

( se eu estivesse a fazer didascálias diria : mover brandamente a sobrancelha esquerda e alternar uma vez com a direita para indicar espanto moderado, mas eu estou em crise autoral )

-sim , madame , apesar do meu comportamento de personagem não exemplar , consegui continuar a escrever , madame .
-e , diga-me , jojó , o que tem escrito ?
-bem , madame , desde que me ausentei e pude vislumbrar a altivez da maquinaria megalómana do queen mary , qual colosso , tive a imprescindível ideia de imortalizar em verso aquela maravilha do mundo hodierno .escrever uma ode ao quenn mary !
-muito bem , jojó !mas posso fazer uma sugestão?
jojó tosse levemente mas responde com toda a sua habitual bonomia :
-mas é claro , madame .
-jojó , é preciso haver fauna nesse seu poema.por que não coloca umas gaivotas , ou sei lá ,uns koalas, ou até mesmo umas alforrecas?
-madame!- espantou-se jojó .
-eu sei , eu sei ...é genial ,não é? mas não é preciso agradecer -me ...abuse de mim sempre que quiser , jojó .sinto -me tão solitária, agora que vavá fundou aquela seita em matosinhos ...
-madame ...
-shhhh .agora cale-se jojó .traga -me os pepinos .shumann é óptimo para tratamentos faciais !!!!!
e se de repente eu não fosse mais que o rosto reflectido na janela ? fantasmaticamente fundida com a noite ,metamorfoseando-me com a sucessão das horas na paisagem ?

melhor não .quem iria alimentar o s.bernardo comedor de nuvens?
a culpa ainda não morreu solteira

depois de muito tempo desaparecida ,por virtude de tanto uso na simpática aldeia da civilização judaico -cristã , a caríssima e tão necessária culpa planeia um fulgurante regresso.os papparazi mais atentos estão já a postos!
mas é aqui que tudo terá lugar , caríssimos !

as torneiras de freud são um mais que propício local para eu me fazer vista , terá dito a tão aclamada culpa ,em entrevista exclusiva à magazin de la psychanalyse!
é mentira


e quem disser o contrário está a contribuir para um danoso engodo .
quem está aqui não sou eu .e tenho dito .
complexo de escritora infantil?

subir a escada e imaginar elefantes cor de rosa que crescem magicamente em aquários ?
acordar como se houvesse uma estrela cheia de sono dentro do coração ?
acreditar piamente que as paredes da casa encolhem à noite?
ou ter a certeza que as letras dos livros andam todas em algazarra e só se juntam ordenada e silenciosamente quando resolvemos desfolhar alguma página?


porque não dá para ver a lua


e os meus humores são condicionados pelo estado das marés , pela taxa de importações de galináceos e pelo cheiro do jornal ,resolvi fazer meditação transcendental .
tenho de listar algumas coisas transcentais básicas e meditar nelas.

porque eu já tentei a tal da meditação ,mas fecho os olhos e só penso em coisas tão transcendentais como peras a nascerem-me no meio das unhas ou um exército de tampinhas vermelhas , muito maoístas , a fazerem manifs na minha cama desfeita , ou ainda cidades onde os guarda -chuvas levam as pessoas .

eu não consigo ser transcendental...........
nanna, nanna

hoje uma criança veio, ao meu pé ,cantar estas rimas, quase em segredo:

"ego sum
bacalhau com atum"

eu fiquei atónita.

2/01/2004

sob conselho médico, lendo


obs:o marcador de livro já pára noutros quadradinhos...


notas de rodapé (sem banda larga)

1. agradeço reconhecidamente ao traidor que traduziu somente o que fica na esfera da alma.
2. imagem que devo ao meu exílio interior, aquando a minha passagem pela praça babilónia.
3. expressão que se deve ao senhor da frutaria da rua de cima, após ter dito, em tom baixo, o seu rosto está tão seco como um figo.
4.título, de um breve ensaio,encontrado numa agenda telefónica de uma poeta baudelariano,por baixo do sublinhado, do seguinte pensamento-em-frase: todo herói é aquele que se diverte sozinho.
5. para uma longa e perturbante meditação sobre o reino kinder delice, ler o capítulo número 1, da novela mais lida da blogesfera, as aventuras de jojó, mordomo e poeta, com o patrocínio do pingo doce, obviamente.
6. carta, em papel azul sem linhas, achada no queen mary e novamente perdida, restando somente o selo com uma única palavra escrita.
7.citação retirada da última comunicação, ão, ão, do meu cão witt, à uma tv digital do bairro.

inédito

o pensamento não é livre.